CPI da ALERJ escuta famílias de crianças desaparecidas
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), começará a ouvir, nas próximas reuniões, as famílias dos meninos desaparecidos na Baixada Fluminense, Fernando Henrique, de 11 anos, Alexandre da Silva, de 10, e Lucas Matheus, no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar os casos de desaparecimento de crianças no Estado do Rio de Janeiro. Foram ouvidos, nesta quinta-feira (1), representantes de alguns movimentos de desaparecidos.
A presidente e fundadora do movimento Mães Virtuosas do Brasil, Luciene Torres, que perdeu sua filha há 11 anos, explicou que a maior dificuldade nas investigações é a falta de um cadastro para pessoas desaparecidas e proatividade por parte dos órgãos responsáveis. “Hoje temos cadastro para carros roubados e não tem para pessoas. Nós queremos que essa Casa faça valer o direito que minha filha não teve”, contou.
O deputado e relator da CPI, Danniel Librelon (REPUBLICANOS), destacou que a CPI não será em vão. “Entendemos que esse assunto precisa ser tratado com maior prioridade. Por vezes, essas mães não têm tido voz. Com agilidade, eficiência e humanização nas investigações, a CPI vai ajudar a trazer as respostas que essas famílias precisam”, disse.
Librelon questionou, entre outras coisas, o apoio psicológico não dado pelo Estado a essas milhares de famílias e defendeu que as mães necessitam de ajuda constante. “A dor de uma mãe com a perda de um filho é inimaginável, quem fica precisa ser tratado e acompanhado”, explicou o parlamentar.
Segundo Helena Elza da Silva, representante do movimento Helays, além da espera longa de 24h para o início das buscas, a investigação depende da própria família e não da polícia. “Se não conseguimos reunir provas e juntar testemunhas, a investigação praticamente não anda. O desaparecimento precisa ser tratado como crime. Infelizmente temos pouca representatividade, sei que deixei uma página em branco na minha vida”, lamentou a mãe de Maria Heloísa, desaparecida no Morro do Tuiuti, em São Cristóvão, e encontrada sem vida na região de Seropédica tempos depois.