Campanha reúne especialistas para desfazer mitos sobre saúde mental e apontar onde estamos errando
Movimento LIV oferecerá vídeos gratuitos, grupo de mensagens e conteúdos novos durante todo o mês de setembro
A saúde mental dos brasileiros inspira cada vez mais cuidados: o país possui o maior percentual de pessoas com ansiedade no mundo (9,6% da população, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Entre os jovens, os números também são alarmantes. A taxa de jovens de 15 a 19 anos que tiram a própria vida subiu 49,3%, entre 2016 e 2021, fazendo com que campanhas como a do Setembro Amarelo, de prevenção do suicídio, sejam cada vez mais importantes.
Para investigar as origens dos problemas e tentar apontar alternativas, o Laboratório Inteligência de Vida (LIV), programa de educação socioemocional presente em cerca de 600 escolas e que incentiva a promoção da saúde mental a mais de meio milhão de estudantes no país, reuniu um time de especialistas e lançou o “Movimento LIV pela saúde mental. Onde estamos errando?”.
O material gratuito compartilha dados sobre ansiedade, depressão e outros transtornos, oferece atividades variadas, e desfaz alguns mitos sobre a saúde mental, como os que dizem que “se pensar positivo, tudo melhora” ou “saúde mental é sinônimo de felicidade”.
— Muita gente acha que saúde mental é felicidade, como se a gente pudesse subir uma escadinha até um lugar pleno e estático. Mas a vida é cheia de surpresas e obstáculos. A gente vai sentir tristeza, raiva, e é preciso ter recursos e estratégias para passar por esses desafios sem paralisar. Por isso, criamos o Movimento LIV pela Saúde Mental, para chegar no ambiente escolar, às famílias, para que a gente se apoie de maneira coletiva — diz a psicóloga Renata Ishida, gerente pedagógica do LIV.
Além de conteúdo variado, que vai ser liberado semanalmente, a campanha também oferece um grande diferencial. Foi formado um grupo de WhatsApp, pelo qual os inscritos vão receber informações novas diariamente.
Um dos temas que será debatido na campanha é a importância de se criar espaços de escuta verdadeira para os jovens — prática incentivada em todo o conteúdo LIV disponibilizado para as escolas parceiras através de atividades como rodas de conversa.
Para o fundador e CEO do LIV, Caio Lo Bianco, mestre em Educação pela Universidade de Columbia, em Nova York, com dissertação sobre prevenção de suicídio entre jovens, é preciso estar mais atento ao que os jovens dizem. E escutá-los verdadeiramente:
— O suicídio é um fato social e, portanto, sempre vai estar presente em diferentes tipos de sociedade, mas a prevenção é possível. Existe um tempo entre o pensamento, a ideação e o ato e, mais do que isso, em muitos casos, adolescentes comunicam de alguma forma essas intenções. A questão é: como escutar o que está sendo dito? A escuta tem que ser feita caso a caso, mas no mundo dos diagnósticos, dos protocolos, da categorização, se perdeu o olhar para cada situação. A gente escuta já pensando no que vai falar, quer logo dar uma resposta, um diagnóstico, uma solução, porque dessa forma a gente tira isso do nosso colo — avalia Lo Bianco, que falará sobre o tema, junto da psicanalista Vera Iaconelli, em um dos episódios do podcast Sinto Que Lá Vem História, lançado pelo LIV em setembro.
O psicanalista Christian Dunker, parceiro do programa LIV, também marca presença em um dos conteúdos da campanha, falando sobre a medicalização excessiva. Para ele, os remédios ajudam na maior parte dos transtornos mentais, mas nem sempre podem ser encarados como único caminho.
“A medicação é importante, ajuda, mas na maior parte dos casos é insuficiente se não for acompanhada de um processo e transformação das relações, na linguagem de escuta”.
A campanha também vai abordar o impacto das telas na vida dos jovens e apontar possíveis caminhos para melhorar a saúde mental, sem apresentar “fórmulas mágicas”. Para acessar todo o material, basta se inscrever no link disponível no link https://materiais.inteligenciadevida.com.br/conteudo-movimento-liv-pela-saude-mental-2023-lp