Cresce no Brasil o desejo por destinos turísticos mais isolados e longe dos roteiros tradicionais, diz pesquisa
Neste conteúdo você vai saber sobre
51% dos brasileiros entrevistados pretendem viajar para locais com menos movimento e aglomerações
A pandemia trouxe impactos importantes para o setor de turismo. Um exemplo prático é a mudança no perfil dos viajantes, que estão muito mais exigentes e preocupados com a questão sanitária. Segundo uma pesquisa da MaxMilhas, travel tech que vem transformando o mercado de viagens no Brasil, cresceu no País o desejo por destinos turísticos mais isolados e fora das rotas tradicionais.
Os dados revelam que, após a Covid-19, cinco em cada dez brasileiros têm a intenção de viajar para locais mais afastados, com menos movimento e aglomerações. A tendência quase dobrou em relação ao período pré-pandêmico, quando apenas 28% dos entrevistados tinham o costume de embarcar para esse tipo de destino.
Realizado em parceria com o instituto de pesquisa Opinion Box, o estudo ouviu mais de mil pessoas de todas as regiões do Brasil e aponta um novo perfil de turista, que está olhando com maior atenção e interesse para as regiões menos visitadas, ricas em natureza e com potencial de oferecer experiências diferenciadas.
Destinos que os brasileiros mais desejam conhecer no País
Na linha dos destinos pouco conhecidos e visitados, a pesquisa mostra que Fernando de Noronha/PE (82%), Jericoacoara/CE (65%), Bonito/MS (65%) e Jalapão/TO (65%) foram os locais mais apontados e que os entrevistados mais desejam conhecer.
Com exceção de Fernando de Noronha, que já tem um apelo midiático no ramo do turismo, as demais são regiões menos conhecidas e que também reservam muitas particularidades e belezas a serem exploradas.
Jericoacoara, por exemplo, é uma vila situada no município de Jijoca de Jericoacoara, no Estado do Ceará. Fica a cerca de 300 km da capital Fortaleza. A Vila conta com belos pontos turísticos e vistas paradisíacas, como a Pedra Furada, o Poço da Princesa, o Serrote, entre outros locais.
Bonito, por sua vez, é a principal cidade turística da região da Serra da Bodoquena, no Mato Grosso do Sul. O município é conhecido como o centro do ecoturismo, principalmente pelo contato intenso com a natureza, recheada de cachoeiras, rios de água cristalina, trilhas e diversas outras atrações.
Já o Jalapão é uma região localizada no cerrado brasileiro, no extremo leste do Tocantins, a aproximadamente 350 km de Palmas, capital do Estado. A região é tão grande que engloba diferentes municípios e abrange cinco áreas de conservação, entre elas o parque estadual, uma de suas principais atrações turísticas.
Na sequência dos locais mais assinalados pelos entrevistados na pesquisa da MaxMilhas, aparecem Búzios (59%), Amazônia (54%), Morro de São Paulo (48%), Caraiva (40%) e Boiopeba (36%).
Preocupação com a Covid-19
Após o longo período de isolamento social, as pessoas estão ansiosas para voltar a viajar, segundo mostra o levantamento da MaxMilhas, travel tech que oferece passagens aéreas com desconto. Ao todo, 86% dos entrevistados já pensam em fazer viagem. No entanto, ainda pesa para a maioria a preocupação com a Covid-19.
Do total de entrevistados, 35% disseram que planejam retomar as viagens tão logo forem imunizados contra a doença. No geral, 90% dos brasileiros consultados demonstram algum tipo de preocupação nesse sentido.
Esse sentimento reflete-se nos planos para escolher os roteiros turísticos. Das pessoas que já pensam em viajar, 74% afirmaram que o primeiro destino será nacional. A tendência, segundo a pesquisa, é que o turismo doméstico seja priorizado, tendo em vista que as regras para desembarque em outros países são atualizadas constantemente e ainda há alguns destinos fechados para brasileiros.
O cenário abre caminho para que destinos poucos explorados no País sejam promovidos, visto que a segurança em viagens é um ponto relevante e os dados indicam que parte significativa dos viajantes procurará turismo em locais mais isolados.
De acordo com Patrick José dos Santos, especialista em turismo e sustentabilidade pela Faculdade Estácio de Sá de Vitória (ES), a pandemia acelerou muitas mudanças na atividade turística. “A busca por lugares naturais, rústicos, rurais e diferentes, mas dotados de tecnologia e bom sistema de comunicação digital, serão o novo mote do turismo mundial”, observa.
Para o especialista, que é sócio-administrador da empresa de consultoria e planejamento turístico ENGETUR, já é possível perceber esse movimento no País. “No Brasil, o cenário atual do turismo é de aumento significativo no mercado doméstico. Devido às restrições internacionais, alguns destinos turísticos já entenderam os sinais do mercado e essas tendências”, pontua.
Novo perfil de viajante
Todas essas informações demonstram um novo perfil de viajante, que prioriza a segurança sanitária e que está mais aberto para passeios pouco explorados, mais distantes dos roteiros tradicionais oferecidos pelo mercado de turismo.
Para atender a esse novo turista, o mercado já se movimenta com a finalidade de oferecer produtos e serviços. A MaxMilhas, por exemplo, lançou em 2021 a MaxExperiências, uma plataforma que oferece viagens para destinos considerados joias do Brasil, que proporcionam aos viajantes experiências diferenciadas.
No site da MaxExperiências, o cliente consegue contratar uma viagem completa, com passagens aéreas, transfer e hospedagem. Mas o ponto chave do produto são os roteiros exclusivos com atrações selecionadas por especialistas.
Os destinos estão alinhados ao novo perfil de viajante, que procura mais experiências naturais e culturais, mas sem deixar de lado toda infraestrutura para uma viagem confortável.
É nessa perspectiva que o turismo responsável também ganha espaço no segmento e abre inúmeras opções aos viajantes. O próprio Ministério do Turismo criou um programa para incentivar as pessoas a procurarem roteiros na natureza, além de hotéis, passeios e estabelecimentos que adotam protocolos de biossegurança.
A pandemia acelerou o crescimento de tendências como o turismo responsável, ecoturismo, de aventura, entre outros. O que todos eles têm em comum é o foco em ambientes mais naturais e menos urbanos, privilegiando experiências únicas a grandes eventos coletivos.