Eletrodoméstico mais presente nos lares brasileiros, geladeira é responsável por 20% da conta de luz; veja como economizar
O bem de consumo pode ser um vilão na hora de pagar a taxa de energia elétrica. Saiba como usá-lo de modo eficiente e mais econômico
Você consegue imaginar a sua vida sem uma geladeira? Difícil, não é? Pois saiba que 98,1% dos lares brasileiros também não vivem sem o eletrodoméstico.
O dado é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019. O levantamento visa acompanhar variáveis demográficas e econômicas no território nacional, gerando informações importantes sobre a população brasileira.
Com base na PNAD, é possível perceber a importância da geladeira para o dia a dia das famílias. Trata-se do bem mais presente nos lares brasileiros, muito à frente de outros como a máquina de lavar roupa (66,1%), o automóvel (49,2%) e a motocicleta (22,9%), por exemplo.
A importância dos refrigeradores para o bom funcionamento de uma casa é inegável. Porém, se mal utilizados, eles podem se tornar uma dor de cabeça na hora de pagar a conta de luz.
Isso porque o eletrodoméstico é responsável por boa parte do consumo de energia em uma casa. Por isso, é fundamental adotar algumas boas práticas para economizar. Nesta matéria, vamos abordar algumas delas.
A importância da refrigeração artificial e a história da geladeira doméstica
A geladeira de uso doméstico, como nós conhecemos atualmente, foi desenvolvida por volta de 1913. Mas como a sociedade sobreviveu por vinte séculos sem o equipamento?
Para falarmos da revolução que este eletrodoméstico causou, precisamos voltar alguns séculos na história e explicar um pouco mais sobre refrigeração artificial e como ela está diretamente ligada à globalização da sociedade.
Um dos grandes desafios da humanidade era conseguir refrigerar as coisas. Antes da geladeira, o consumo de alimentos era totalmente diferente: frutas, verduras e carnes eram comprados diariamente para consumo e preparo imediato, já que não havia como armazená-los sem que estragassem.
Os primeiros registros de estudo sobre refrigeração artificial datam do século 18. Em 1748, o cientista britânico William Cullen, da Universidade de Glasgow, demonstrou um sistema da tecnologia, mas que nunca foi utilizado de maneira prática.
Esse cenário mudou em 1834, quando o norte-americano Oliver Evans desenvolveu uma máquina para refrigeração que utilizava vapor ao invés de líquido refrigerado. Era o começo de uma grande revolução.
Poucos anos depois, na década de 1870, navegantes começaram a perceber a necessidade de navios refrigerados para transportar cargas perecíveis entre grandes distâncias, pois havia ali um grande valor comercial que estava sendo perdido.
Foi em 1876 que o engenheiro francês Charles Tellier desenvolveu um sistema refrigerado em um navio rumo a Buenos Aires, na Argentina, para receber uma grande carga de carnes.
Após uma viagem de 105 dias, a mercadoria chegou ao destino em condições ainda favoráveis. O acontecimento inaugurou o transporte marítimo refrigerado e, em 1902, havia registros de 460 embarcações com este sistema circulando pelos oceanos.
Mas como a tecnologia saiu do alto-mar para chegar em terra firme? Por volta dos anos 1850, cientistas estudavam maneiras de replicar a refrigeração dos navios, que estava em desenvolvimento, para os transportes terrestres, que pediam outros tipos de cuidados.
A cidade de Chicago, nos Estados Unidos, registrou em 1857 a construção do primeiro vagão de trem refrigerado para transportar alimentos. Foi o início da criação de uma cadeia global de meios de transporte refrigerados capazes de receber diferentes tipos de suprimentos e podendo alcançar distâncias cada vez maiores.
Tanto os cientistas quanto os comerciantes perceberam ali o potencial deste tipo de equipamento para uso doméstico de maneira massificada. O objetivo era desenvolver um produto compacto, fácil de montar e que só precisasse conectar na tomada para funcionar.
Nascia, então, o primeiro refrigerador destinado para as casas.
O Domelre (uma sigla para DOMestic ELectric REfrigeration, ou Refrigeração Elétrica Doméstica) foi criado por Frederick William Wolf Jr. em 1913, nos Estados Unidos. Sua produção em alta escala foi iniciada um ano depois.
O sucesso do refrigerador nas casas norte-americanas foi estrondoso, mas a verdadeira massificação da geladeira só veio em 1927, com a produção do Monitor-Top, da General Electrics. Foram mais de 500 mil equipamentos vendidos em pouco tempo.
Com a chegada dos refrigeradores domésticos, a vida das pessoas mudou muito — e para melhor. A possibilidade de poder armazenar alimentos sem eles apodrecerem permitiu que a população tivesse melhores condições de nutrição. Também fez com que supermercados se tornassem possíveis, uma vez que se tornou viável estocar uma grande quantidade de alimentos.
Além disso, as geladeiras mudaram a dinâmica das famílias, trazendo mais autonomia para as mulheres. Antes, elas precisavam comprar e cozinhar os alimentos todos os dias. Com a geladeira, o planejamento tornou-se mais popular e ajudou as mulheres a lançarem-se ao mercado de trabalho.
Atualmente, a geladeira é, além de indispensável, um item cada vez mais tecnológico. É possível encontrar modelos que se conectam à internet e avisam quais são os itens que precisam ser reabastecidos, que dão dicas de receitas e muito mais.
O gasto de energia elétrica de uma geladeira
As vantagens de uma geladeira são inúmeras, mas ainda é preciso se atentar ao gasto de energia elétrica em decorrência do uso do eletrodoméstico.
A geladeira é um dos aparelhos que mais consomem energia dentro de casa. Um estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), realizado em 2016, mostra que, apesar da eficiência energética, o equipamento pode representar até 20% do valor total da conta de luz do mês.
Atualmente, um modelo de uma porta consome mensalmente cerca de 25,20 kWh, enquanto uma geladeira frost-free com duas portas consome 56,88 kWh por mês. Para efeitos de comparação, uma televisão LED de 42 polegadas ligada 5 horas por dia consome 30,45 kWh no mesmo período.
Há, porém, tecnologias sendo desenvolvidas para garantir que o consumo das geladeiras seja cada vez menor e mais eficiente.
Uma delas é a tecnologia Inverter, muito utilizada para garantir mais eficiência energética a aparelhos como ar-condicionado. Ela tem sido aplicada também em eletrodomésticos como freezer, refrigerador e geladeira para gerar um consumo menor de energia elétrica.
Ao contrário de compressores tradicionais, que ligam e desligam durante seu funcionamento, as geladeiras com motores Inverter não são desligadas completamente. Isso evita picos de consumo de energia elétrica, garantindo uma operação mais eficaz e com menos sustos na conta de luz.
Ou seja, quando a geladeira atinge a temperatura correta, o compressor se mantém naquela condição. Isso é identificado por meio de sensores instalados em toda a estrutura do equipamento, feitos especificamente para controlar o nível de refrigeração.
Outra tecnologia que vale mencionar é a Fullmotion, inversor eletrônico desenvolvido pela Empresa Brasileira de Compressores (Embraco) há cerca de 20 anos. Com o uso da tecnologia Inverter, o compressor adapta sua capacidade de acordo com a necessidade de resfriamento exigida pelo freezer ou pela geladeira.
Dessa forma, a Fullmotion faz com que a geladeira funcione de acordo com a demanda. Seu modo de resfriamento é variável e se ajusta à temperatura desejada, de maneira rápida e eficiente, conforme o volume de itens dentro do aparelho.
Essas inovações, cada vez mais adotadas pela indústria, permitem que o consumo de energia elétrica de um refrigerador seja cada vez mais inteligente e eficiente.
Dicas para economizar energia com a geladeira
Apesar do avanço da tecnologia, você também pode tomar algumas medidas na sua casa para evitar gastos demasiados de energia com o uso da geladeira. Confira algumas dicas:
Não desligue a geladeira
A não ser que vá viajar por muitos dias, não é recomendável desligar a geladeira para economizar energia. O aparelho demora mais para atingir a temperatura adequada se for desligado com frequência, levando ao gasto desnecessário de energia.
Evite o abre e fecha da porta
Lembra quando sua mãe falava que geladeira não é vitrine de loja? Ela não está errada: quanto mais ar quente entra dentro da geladeira, mais o motor precisa trabalhar para manter a temperatura original, o que gera mais consumo de energia. A mesma dica vale para o freezer.
Não coloque roupas para secar na grade traseira
Sabemos que o calor do motor da geladeira ajuda a secar as roupas com mais agilidade, mas isso pode prejudicar a eficiência do eletrodoméstico. A ação sobrecarrega o motor, gerando aumento no consumo de energia. Além disso, a prática é perigosa, pois pode elevar o risco de tomar um choque elétrico.
Não forre as prateleiras
As prateleiras forradas atrapalham a circulação correta de ar dentro da geladeira, além de impedir a refrigeração correta dos alimentos. Lembre-se de que os equipamentos foram desenhados para atingir o maior nível de eficiência como são.
Mantenha as borrachas de vedação sempre em boas condições
É a borracha das portas que garante que o ar frio do interior da geladeira não saia e não haja desperdício de energia. Se estiver em dúvida sobre a qualidade da borracha de vedação da sua geladeira, é possível fazer um teste bem simples.
Coloque uma folha de papel entre a porta e a geladeira. Se a folha ficar presa, a borracha da sua geladeira está funcionando corretamente. Caso ela caia, é hora de trocar o item.
Mantenha a geladeira longe do fogão ou de janelas
Eletrodomésticos como fogões e fornos elétricos geram muito calor. Se posicionada próxima a esses aparelhos, a geladeira absorve esta alta temperatura e precisa trabalhar mais para atingir a refrigeração ideal.
Prefira colocar sua geladeira longe de janelas que recebem luz direta do sol, que também podem contribuir para o aumento da temperatura. Para melhorar a capacidade de ventilação da geladeira, deixe-a a pelo menos 20 centímetros de distância das paredes.
Descongele e ajuste a temperatura da geladeira
Se a sua geladeira não conta com o sistema frost free, programe-se para descongelá-la pelo menos uma duas vezes por ano, uma no inverno e outra no verão. Prefira momentos em que o congelador não esteja muito cheio.
Também é importante seguir as orientações do manual de uso da geladeira quanto à temperatura correta do termostato. Por exemplo, é possível ajustar o controle para níveis mais baixos durante os meses mais frios do ano, o que leva a mais economia de energia.
Escolha modelos econômicos
Se for comprar uma geladeira nova, procure aquelas com o Selo Procel A. A certificação é concedida pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica e atesta quais são os equipamentos que consomem menos energia elétrica, sendo A os mais eficientes e E os menos capazes.
Aposte na tecnologia InverterA tecnologia Inverter ajuda a controlar o funcionamento do compressor de acordo com a demanda que os sensores identificam dentro da geladeira. Procure opções que contam com esta inovação para garantir um uso mais eficiente da energia elétrica.