O impacto das mídias sociais na fotografia profissional

As mídias sociais revolucionaram diversos mercados profissionais, desde o marketing, publicidade e propaganda, empresas, entre outros, até a profissão de fotógrafo profissional.

À medida que todas as plataformas cresciam, os consumidores começaram a usar mais e mais fotos para sua interação nas redes sociais. Essa demanda exigia recursos fotográficos cada vez melhores nos telefones, e agora nossos dispositivos rivalizam com as câmeras reais em termos de resolução, foco e cor.

Com o compartilhamento sem fio instantâneo e até mesmo a capacidade de fazer upload de fotos e solicitar impressões delas, a câmera foi rapidamente perdida para a última fileira do departamento de eletrônicos das grandes lojas.

Para o fotógrafo – não a pessoa que tira dezenas de selfies por dia, mas o verdadeiro fotógrafo artístico (que realiza ensaio smash the cake, ensaio de casamento, ensaio de moda, etc.) ou jornalístico – essa tendência às vezes é perturbadora.

A capacidade de identificar um momento fotogênico e, em seguida, usar tecnologia, treinamento e experiência para capturá-lo para sempre, foi perdida entre milhões de imagens espontâneas de toques com o polegar.

Ao mesmo tempo, o grande número de fotos tiradas diariamente está chamando cada vez mais a atenção para o papel da fotografia na vida diária. Jornalistas cidadãos estão surgindo. Mistérios estão sendo resolvidos. Parentes há muito perdidos estão se reunindo. As pessoas estão fazendo amizades entre linhas políticas, étnicas, religiosas e sociais, geralmente a milhares de quilômetros de distância. Tudo isso tem uma grande dívida com o uso da fotografia nas redes sociais.

O ACESSO DO FOTÓGRAFO AO PÚBLICO

A mídia social é, por definição, uma ferramenta rápida e bastante passiva para alcançar pessoas, às vezes aos milhares ou milhões. Esse alcance massivo, sem surpresa, mudou drasticamente os meios típicos de fornecer fotografia ao público e, com isso, os fluxos de receita com que os fotógrafos contam para ganhar a vida.

Em vez de compartilhar seu trabalho em galerias ou por meio de publicações impressas, os fotógrafos agora dependem em grande parte da publicidade e promoção nas redes sociais, bem como de influenciadores que usam suas vastas bases de seguidores para chamar a atenção para os sites escolhidos. É, ao mesmo tempo, altamente capitalizado e muito libertador para os artistas.

Os defensores dizem que as fotos impactantes agora podem atingir um público maior e menos exclusivo graças às mídias sociais. Em grande medida, isso é verdade; não se precisa mais de dinheiro para ingressos em galerias ou para morar em cidades onde essas exposições são realizadas. Mas o declínio desses métodos de exibição também exclui o público menos conectado. A fotografia nas redes sociais é simplesmente trocar um público marginalizado por outro.

A vantagem é que nenhum dos métodos deve ser exclusivo; a mídia social pode atrair mais espectadores para galerias e exposições, e aqueles que não podem ir pessoalmente, pelo menos têm a oportunidade de ver o trabalho online.

A PROLIFERAÇÃO DE IMAGENS SIGNIFICATIVAS

Ao longo da história, houve aqueles momentos marcantes capturados em filme. Chamberlain e Hitler em Munique, a Mercedes destruída de Dodi Fayed, Freddie Mercury no Live Aid. Eles são poderosos e duradouros por causa de sua singularidade, sua presença em nossa memória coletiva reforçada por uma ausência de imagens semelhantes.

No entanto, muitos dos momentos mais poderosos foram perdidos. Um dos grandes poderes da fotografia é sua capacidade de contar uma história poderosa capturando um único momento, mas as chances de estar no lugar certo na hora certa sempre foram pequenas.

O mesmo efeito está presente em nossas casas. Os álbuns de fotos estão rapidamente se tornando uma coisa do passado, porque o grande volume de fotos que todos nós tiramos é tão grande. Por meio das mídias sociais, podemos capturar e compartilhar muitos momentos que antes perdíamos.

FOTOS E A VERDADE

A foto em si deve ser a única que conta sua história, mas, infelizmente, muitas fotos nas redes sociais são legendadas ou atribuídas ficticiamente para promover a agenda de alguém. Vários sites de desmascaramento de mitos dedicam páginas e páginas de conteúdo para esclarecer a origem e o conteúdo das fotos que foram mal direcionadas para outros fins, mas a maré das mídias sociais é um verificador de fatos esmagador.

Ao mesmo tempo, a fotografia nas redes sociais está criando inúmeras oportunidades de corroboração. Os espectadores mais exigentes estão aprendendo a ser céticos até que possam ver outros ângulos de qualquer uma das dezenas ou centenas de outros jornalistas cidadãos e observadores que podem fornecer verificação independente de eventos e, por meio de horários de postagem, sua sequência.

Os resultados podem ser vistos em ações judiciais, nas notícias ou simplesmente na natureza mutante das mídias sociais, à medida que as pessoas se tornam continuamente mais sábias e mais hábeis em interpretar o que veem.

UMA MUDANÇA NO PROPÓSITO DA FOTOGRAFIA

Durante décadas, a fotografia foi usada para documentar a história, construir relíquias de família e capturar a beleza de um mundo em mudança. Fotos históricas, em sua escassez, podiam ser reunidas para rastrear mudanças em eventos, pessoas e lugares ao longo do tempo.

As redes sociais transformaram a fotografia num concurso de popularidade, com a procura de reações e partilhas tidas como mais importantes do que a procura da beleza ou da justiça, ou mesmo simples documentação. A foto anual dos filhos e netos foi suplantada por fotos diárias do mundano; o primeiro dia de aula, o segundo dia de aula, a primeira vez no novo ponto de ônibus, entrando na sala de aula, e assim por diante.

No entanto, uma fotografia só era considerada uma ocasião formal por necessidade. A complexidade e os custos de contratar um fotógrafo e posar como uma estátua durante o longo tempo de exposição significava que não havia espaço para leviandade ou comportamento casual.

A mídia social e seus milhões de fotógrafos não treinados estão rompendo essa rigidez. Eles estão gerando fotos da vida real enquanto isso acontece, por exemplo, de pessoas vestidas com algo diferente, do nosso melhor vestido de domingo e fazendo mais o que simplesmente olhar secamente para a câmera. É vida, é beleza, é realidade, e a mídia social documenta isso.

Assim como o primeiro automóvel foi visto como uma ameaça para a indústria de buggy, os vários saltos quânticos à frente na fotografia muitas vezes foram vistos como uma ameaça ao modo antigo. Certamente, a falta de treinamento formal e a ausência aparentemente total de um filtro para alguns usuários de mídia social é uma evidência de que o meio não é o que costumava ser.

No entanto, assim como o carro revolucionou as viagens e tornou possível fazer coisas antes inimagináveis, a fotografia nas mídias sociais ajudou a encolher e conectar o mundo. Como qualquer outra ferramenta, ela terá seus momentos bons e ruins, mas seus usuários não cederão e o mundo se adaptará.

Colaboração – Serviços e Notícias.