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Metaverso: Especialista compartilha experiência de um ano em imersão

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Foram 365 dias imersos, mais de 400 horas de uso e mais de 50 experiências em pelo menos 20 plataformas diferentes

Desde setembro de 2021, quando Mark Zuckerberg anunciou o objetivo de transformar o Facebook em uma empresa de metaverso em até quinze anos, o termo entrou nos trending topics de assuntos mais comentados da internet nos últimos tempos. E, apesar de existir um interesse do público pelo tema, ainda pouco se sabe sobre os benefícios dessa nova realidade e como colocá-la em prática dentro do cotidiano pessoal e profissional. 

Fato é que muitas empresas passaram a surfar nessa onda e os números falam por si só: de acordo com dados da Boston Consulting Group (BCG), o metaverso deve movimentar cerca de U$ 400 bilhões até 2025. Segundo relatório da empresa de consultoria em tecnologia Gartner, até 2026, 25% das pessoas passarão pelo menos uma hora por dia no metaverso para trabalho, compras, educação, social e/ou entretenimento. Em escala mundial, a instituição estima que até 2026, 30% das organizações do mundo terão produtos e serviços prontos para o metaverso.

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“Como entusiasta das novas tecnologias, acredito que a adoção de realidades paralelas em larga escala ainda está longe de se concretizar, mas é o momento de encararmos o cenário sob uma perspectiva mais positiva. A visibilidade em massa propiciada por algumas experiências como em uma novela em horário nobre, por exemplo, certamente deverá contribuir para o desenvolvimento de projetos capazes de proporcionar experiências dentro do metaverso”, declara o especialista em negócios digitais, novas tecnologias, Metaverso e professor, Kenneth Corrêa.

A este respeito, o cofundador da Microsoft, Bill Gates, compartilha do mesmo pensamento e já fez sua “aposta” no Metaverso. Para Gates, nos próximos três anos as reuniões virtuais deverão migrar das imagens de câmeras 2D para o metaverso, com um espaço 3D com avatares digitais.

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Segundo o vice-presidente de pesquisa da Gartner, Marty Resnick, “Os fornecedores já estão criando maneiras de os usuários replicarem suas vidas nos mundos digitais”. Ainda de acordo com Marty, “as empresas terão a oportunidade e capacidade de expandir e aprimorar seus modelos de negócios de uma forma sem precedentes, passando de um negócio digital para um negócio metaverso”, pontua. 

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Para Kenneth Corrêa, os debates sobre as fronteiras do metaverso ainda estão abertos. “Em apenas um ano vimos essa tecnologia passar de um conceito de um livro para um enredo de novela com alcance nacional e internacional, então podemos esperar um importante e significativo desenvolvimento dessa ferramenta”, finaliza o professor.

365 dias e mais de 400 horas de imersão

O especialista resolveu antecipar as estimativas e nos últimos 365 dias visitou, explorou e utilizou mais de 20 Metaversos diferentes. “Eu vivi o último ano imerso no metaverso, usando meus óculos, meu celular e meu computador, todos os dias. Foram mais de 50 experiências em pelo menos 20 Metaversos diferentes como, por exemplo: Meta Horizon, Spatial.io, Decentraland.org, The Sandbox, Second Life e outros”, destaca. 

A seguir Kenneth Corrêa comenta algumas de suas experiências vivenciadas em diferentes áreas no metaverso:

Área de entretenimento

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Socializar: o bom e velho bate-papo, conversar com pessoas aleatórias, conhecer suas histórias, encontrar pessoas que você divide afinidades e promover novas conexões num mundo onde nossa vida digital é cada vez mais pervasiva (e agora imersiva). Conheci uma paciente com paralisia cerebral escalando comigo o morro El Capitan (a vista lá de cima é invejável).

Turismo: a lista de locais para onde viajei nesses 12 meses de Metaverso é longa: Angel Falls na Venezuela, Petra na Jordânia, Yosemite na Califórnia, Stonehenge no Reino Unido, e é claro: Marte! Por que não andar na superfície do planeta vermelho sem precisar dos 6 meses (por trecho) de viagem no foguete do Elon Musk?

Shows: nesses últimos 12 meses participei de shows de stand-up comedy (ok, não foi tão engraçado assim), shows de rap e hip hop (embora eu preferisse Rock) e fiquei esperando o show da Anitta no Metaverso, mas por enquanto tive que me contentar com o clipe feito em parceria com o Free Fire.

Jogos: os eSports também são agora eSports VR, ou seja, da mesma forma que existem (e são enormes) campeonatos de games, também existem os campeonatos equivalentes em realidade virtual: equivalente ao Counter Strike temos o Onward, no estilo Fortnite temos o Population One. Para cada jogo digital hoje vêm surgindo seus representantes em VR. Temos também jogos que só funcionam em realidade virtual, como o Echo VR ou Beat Saber, que recomendo que você experimente a próxima vez que tiver contato com um óculos VR da Meta.

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Arte: galerias de arte virtuais são a experiência mais comum e fácil de presenciar nos Metaversos. Quadros que muitas vezes são NFTs, ou mesmo apenas para conhecer o trabalho de um artista, podem ser apreciados nos mais variados nichos e estilos artísticos. Além disso, obras construídas em 3D, dentro destes mundos virtuais, são espécies de esculturas animadas as quais você pode caminhar em volta, entrar e manipular (só não vale jogar molho de tomate!).

Área de educação

Aulas de MBA: como professor da FGV e Digital House, eu não deixaria de falar sobre as mais de 30 aulas que ministrei no metaverso. Algumas eram só uma apresentação de slides e eu falando, em outras fiz mesas redondas, e até uma sala de aula para ensinar Análise de Dados, onde o próprio aluno conduz seu aprendizado sem precisar da presença ativa do professor.

Idiomas: participei de um grupo de conversação em inglês, numa escola com aulas semanais no Metaverso, e conheci um grupo que está estudando LIBRAS (linguagem brasileira de sinais), utilizando o reconhecimento de gestos dos óculos da Meta.

Área de negócios

Varejo: embora o processo de pagamento pelo produto ainda não aconteça no ambiente de Metaverso, você já pode visitar lojas de produtos como Chanel, Nike, Adidas, Renner e ver e manipular produtos em seus formatos 3D.

Imobiliário: por que ver apenas imagens “chapadas” do seu projeto residencial? Em minha reforma, minha arquiteta já apresentou a casa que vou morar toda em realidade virtual, onde eu e minha esposa, cada um com seus óculos, pudemos passear (e opinar) pelos cômodos da casa, antes da primeira parede ser derrubada, ou de qualquer novo tijolo ser colocado.

Eventos: esse ano participei de quatro eventos que eram híbridos, não só presenciais e via Zoom, mas também no Metaverso. Assisti palestras, interagi com outros visitantes e também passeei pelos stands conhecendo novas marcas e produtos. Com um de meus clientes fizemos um evento fechado apenas para convidados, influenciadores, que aconteceu em um espaço 100% personalizado da marca, e todos usando os óculos da Meta.

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Automóveis: uma das empresas que fiz consultoria agora apresenta seus veículos pesados utilizando um espaço coletivo, inclusive disponibilizando óculos para seus clientes mais importantes, misturando a surpresa que vem com uma novidade, também com muito mais tempo recebendo informações técnicas sobre o produto, tirando o atrito gerado por visitas físicas à concessionária.

Sala de trabalho imersiva: com os óculos não possuo mais limitação de tamanho de mesa ou estação de trabalho, e nem mesmo do número de monitores. Das mais de 51 cidades que visitei esse ano, meu escritório esteve sempre junto comigo, e ao colocar os óculos (as vezes até dentro do avião, antes da decolagem), eu tenho todos os meus arquivos do computador, disponíveis para acesso e compartilhamento, num ambiente imersivo que hoje me é mais familiar que minha mesa no escritório, de onde termino de digitar este artigo. Nesse último ano fizemos reuniões de conversa sobre andamentos de projeto e discussões de código-fonte de programação olhando para um gráfico de Gantt ou um MindMap de maneira imersiva.

Área da saúde

Educação para área de saúde: participei de um treinamento (não oficial) de CPR (massagem cardiorrespiratória) e acompanhei uma cirurgia de menisco (virtual, sem paciente físico). O nível de detalhe nas camadas da pele, músculos e cartilagem é extremamente realista.

Meditação: usando o aplicativo Tripp, que é a versão em VR do app mobile chamado Calm, fiz algumas sessões de meditação e mindfulness, diminuindo minha taxa de batimentos cardíacos nos dias de mais ansiedade.

Autismo: fui cobaia de uma empresa brasileira que está utilizando experiências em Metaverso para tratamento de crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Foi incrível entender como se controla melhor os estímulos, e a importância da criança aprender atividades básicas para desenvolver sua autonomia.

Kenneth Corrêa – Diretor de Estratégia da 80 20 Marketing e especialista em negócios digitais, novas tecnologias, marketing, inteligência competitiva e Metaverso. Professor de MBA da FGV, professor e palestrante pela Digital House e Por Exemplo. Há 15 anos desenvolve e monitora projetos de marketing e tecnologia, atendendo empresas como: Suzano, Thermo Fisher Scientific, Elanco Saúde Animal e Mosaic Fertilizantes.

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