Cotidiano

Mulheres, maternidade e o trabalho remoto em tempos de pandemia

Tem sido um desafio para as mulheres conciliar a vida profissional, universitária, doméstica e maternidade na pandemia. Apesar da comodidade e flexibilidade em se trabalhar em casa, a exaustão mental é inevitável devido a tantas funções e o desconforto do isolamento social ao mesmo tempo.

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A sobrecarga de trabalho feminino aumentou durante a pandemia, 80% da carga de tarefas domésticas ainda é responsabilidade feminina mesmo com parceiros sob o mesmo teto.

Atualmente mais de dois milhões de mulheres que possuem atividade remunerada, residem simultaneamente com crianças e idosos, ou seja; elas já dedicam boa parte do tempo com estes cuidados e trabalhos domésticos.

Através do isolamento social que se prolonga a quase dois anos, mães e donas de casa vêm descobrindo o desafio de  lidar com a maternidade trabalhando em home office .

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O ambiente que proporciona a socialização para elas não existe mais.

Este que talvez fosse o único ambiente onde teriam seu próprio espaço vem sendo divido entre; convivência familiar, trabalho, as tarefas domésticas e o cuidado com os filhos, que também isolados na pandemia, apresentam excesso de energia acumulada, demandam mais atenção e tornam tarefas simples do dia à dia mais complicadas.

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Assistir a uma videoconferência, participar de reuniões ou assistir a um programa de TV, não tem sido fácil, afinal rotina e filhos nem sempre combinam, independente do isolamento social.  

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Mesmo para as que contam com alguma rede de apoio, ou auxílio nos afazeres da casa, sentem o  desgaste ao tentar conciliar tantas funções ao mesmo tempo. 

Tem sido visto com certa naturalidade mulheres durante o expediente de trabalho, ministrando  aulas ou em reuniões surgirem amamentando seus filhos, ou dando uma pausa para atender as necessidades deles.

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Maternidade: o trabalho não remunerado e pouco reconhecido na sociedade

O trabalho em home office  tem sido uma opção não só para as mulheres mas para os homens também. Homens estes que podem acompanhar de perto a rotina exaustiva de uma casa aos cuidados com ela e com os filhos.

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O cenário habitual do esposo fora de casa, chegando ao final da tarde após um dia estressante  contrasta com o esposo dentro de casa,  tendo que cumprir sua jornada de trabalho acompanhada de correria, choro, e objetos caindo a maior parte do tempo.

Mas e quando ambos estão trabalhando em home office?

Por mais participativo que o parceiro seja,  já diz o ditado: “o filho é da mãe “.

A mãe é a primeira pela qual o filho chama, e a única de quem aceita o colo em determinados momentos. 

De acordo com uma pesquisa realizada pela Atlas para o EL PAÍS, 80% das mães brasileiras afirmaram estarem esgotadas com a rotina doméstica, índice entre os pais é de 48%.

E isto se aplica mesmo quando a situação é oposta, atualmente os pais têm se dedicado aos filhos e ao lar e a mãe é quem se ausenta, mas majoritariamente as mães exercem esse papel. Diante do acúmulo de funções,  somado ao aumento do stress, ansiedade, apatia, e a dificuldade em pedir ajuda, estas mulheres vêm se esforçando  para  dar conta de tudo sozinhas e isto se torna mais uma questão a lidar.

O dia de uma mãe se encerra quando finalmente o filho dorme. E então vem a cobrança de atenção do companheiro, a auto cobrança por ter passado o dia inteiro “descabelada” e a sensação de não estar sendo boa esposa e mãe o suficiente.

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A ANSES (Administração Nacional de Seguridade Nacional), órgão do governo federal da Argentina, anunciou programa de reconhecimento da maternidade como trabalho para garantir a aposentadoria de mulheres que se dedicam integralmente aos cuidados com os filhos.

155 mil mulheres que abandonaram suas carreiras e mulheres com mais de 60 anos que não contribuíram tempo suficiente para se aposentar devem ser incluídas no programa para conseguir uma aposentadoria pelo estado.

A medida deve ser aprovada pela Câmara e pelo Senado, e será um grande avanço para as mulheres argentinas, contribuindo não só para a aposentadoria, mas para  a independência financeira, a auto estima e fazendo com que estas mulheres  se sintam mais úteis.

O termo “dona de casa” costuma fazer com que mulheres se sintam inferiores por não ter uma profissão ou atuar na área de formação, e muitas das pessoas que usam este termo não tem conhecimento do quão trabalhoso é cuidar dos filhos, de uma casa, manter a rotina de cada morador e auxiliar no desenvolvimento pessoal de cada um deles.

Exceto para as que dispõem de uma diarista ou governanta, a maioria das mães é quem cuida da alimentação, do trato com as roupas, a limpeza da casa, o auxílio com a tarefa escolar, da agenda médica e de compromissos dos familiares, cuidados com o familiar doente, ou crianças especiais que demandam a rotina integralmente.

Um estudo realizado com homens e mulheres de diversas regiões do país e no Distrito Federal mostrou um crescimento durante a pandemia dos sintomas de depressão, estresse e ansiedade onde as mulheres estão entre os mais afetados por sua condição social na pandemia, preocupação com a vida escolar dos filhos, mudança de hábitos e redução do convívio social, o que nos leva a seguinte questão; muitas destas mulheres dependem financeiramente do esposo. Outro ponto bem delicado que a pandemia agravou é a violência contra a mulher, o lugar que para umas é o porto seguro para outras se transforma em  zona de risco .

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Uma em cada quatro mulheres foi vítima de algum tipo de violência na pandemia. Denúncias de violência contra mulheres cresceram 555% em um ano e o volume de denúncias registrado através do Disque Denúncia  (181) resultou na implementação esta semana (27) do  programa Patrulha Maria da Penha, atendendo a vítimas de violência que possuem medida protetiva.

O programa tem como objetivo dar suporte às vítimas, garantindo que o agressor cumpra a determinação judicial.

A ronda é formada por dois agentes de segurança, sendo um deles sempre mulher, e oferece atendimento integrado com os serviços de assistência social, psicólogos e centros de referência da mulher.

Em caso de violência doméstica, DENUNCIE!

Como amenizar os efeitos do isolamento durante a pandemia.

Apesar do distanciamento social, a tecnologia nos permite se fazer presente mesmo à distância. Mantenha contato com seu ciclo social e familiares por vídeo chamadas ou ligações.

A flexibilidade de horários pode ser uma oportunidade para  descobrir algum hobbie,  criar  e até praticar exercícios mantendo a distância e com o uso de máscaras.

Evite se isolar completamente, caso necessário procure ajuda de um profissional, muitos psicólogos têm feito atendimento virtual e rodas de conversas.

E lembre-se: estamos vivenciando um momento atípico, todos estamos lidando com dificuldades, mas é passageiro, aos poucos e em breve tudo voltará ao normal.

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